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Lovecraft e o verdadeiro Terror psicológico.

  • Foto do escritor: gupeca
    gupeca
  • 2 de jul. de 2015
  • 4 min de leitura

Admito não ser muito fã de estórias ou filmes de terror, penso ser demasiado infantil temer coisas sobrenaturais ou entidades do além (como Deus), por isso nunca me interessei muito por coisas do tipo, e eis que me surge Howard Phillips Lovecraft. Um escritor que nasceu em 1890 e teve a maior parte de suas obras publicadas no inicio do século 20.

Lovecraft ganhou muito mais destaque após sua morte em 1934, em vida não fez muito sucesso e era até mesmo considerado medíocre, mesmo hoje seu nome só é lembrado em meios específicos, porém nós amantes de cultura pop devemos muito a ele, pois ele é criador de toda uma mitologia própria e ficcional que inspirou muitas outras obras como: A morte do demônio (filme), Dagon (filme), Uma noite alucinante (filme),Magrunner (game), Call of Cthulhu: Dark Corners of the Earth(game), Cthulhu saves the world (game), e inúmeras referencias por todo tipo mídia mundo a fora.

Esse cara foi quem inventou o “Necronomicon” ou livro dos mortos, que aparece recorrentemente em muitas obras, o tal livro pode invocar demônios os espíritos malignos de poder inconcebível e incontrolável, o livro é escrito com sangue em folhas de pele humana.

Tudo bem clichê e bobo certo? Bem agora vem o meu ver da história.

O jovem H.P. Lovecraft teve uma infância perturbada, seu pai ao que tudo indica sofria de sífilis o que o levou a loucura e fez com que o caminho até o dia de sua morte fosse cheio de delírios, alucinações, gritos e sofrimento. Ele veio a falecer quando o pequeno Lovecraft tinha aproximadamente 8 anos. Ele viveu com algumas tias, nunca pode frequentar regularmente a escola pois também sofria de problemas de saúde e de uma doença que mantinha sua pele sempre fria. Agora imaginem para um garoto crescer em meio a todos esses transtornos psiquiátricos e doenças anômalas.

Em alguns relatos do próprio Lovecraft dizia que seus livros eram inspirados em sonhos, pesadelos e alucinações que ele mesmo tinha, e que rapidamente os transcrevia.

No inicio eu disse que historias de terror nunca me botaram medo, mas aqui o escritor vai além, no geral seus protagonistas são céticos, não acreditam no sobrenatural e o investigam num clima bem Noir e de mistério, como se tivesse algo a ser revelado que esclarecesse tudo, e conforme eles vão se vendo de frente ao sobrenatural vão se questionando se tudo aquilo é real. Ele brinca com a percepção do personagem e nos faz questionar se o “mal” é real ou algum tipo de histeria coletiva, ou uma alucinação individual. Penso que talvez por ter convivido tão de perto com a loucura e o sofrimento de seu pai isso o tenha assombrado, perturbado e inspirado por anos, excitado esse lado criativo para o terror psicológico.

Suas historias sempre bebem do tema loucura, num de seus contos mais famosos “O chamado de Cthulhu”, o próprio ser em questão incitaria a loucura aos que tem contato com ele, todos os envolvidos na trama ou se suicidam por não suportar a verdade de tamanho mal existir, ou o veneram de forma insana com sacrifícios humanos por medo de serem castigados, alguns chegam ao manicômio com discursos completamente desconexos como se não houvesse mais uma alma no corpo. A própria criatura em si nem aparece ou realmente existe, a história toda é contada pela boca dos loucos, existe até um embate entre um marinheiro e a criatura, mas você se questiona se aquilo realmente existiu, e por fim o próprio investigador que relata suas descobertas teme que aquelas sejam suas ultimas palavras, pois a sanidade o está deixando e ao terminar o conto tudo que você pensa é: “será que serei o próximo, que não deveria ter lido sobre tamanha desgraça caindo sobre a existência humana”.

Outra obra de profundidade singular é “A sombra de Innsmouth”, em que um viajante ao desvia sua rota, para numa cidade misteriosa, com moradores no mínimo estranhos, o próximo ônibus só sai na manhã seguinte, e ele se vê obrigado a dormir em um hotel nada convidativo. Para viajantes como eu, devem saber que hotéis baratos e cidades desconhecidas metem um medo danado, agora imagine no meio da noite, batidas na sua porta seguidas de tentativa de arrombamento e sons grotescos que o escritor descreve como indescritível, mais uma vez o medo surge daquilo que você não vê, e sim de uma situação que facilmente você se identifica e se põe na pele do personagem, consegue suar a sangue frio com ele. O livro vai muito além disso, mas para mim essa é uma das cenas de terror que mais me remete a perfeição do medo, tanto que tal cena é perfeitamente reproduzida no game “Call of Cthulhu: Drak Corners of the Earth” que mistura um pouco de várias obras do escritor.

Hoje é muito fácil e barato encontrar livros de Lovecraft. Varias editoras pocket lançam versões de apanhados de contos e estórias você pode encontrar versões da: L&PM, Martin Claret e também da Hedra (editora que me dá um pouco de medo, visto que um de seus seres ficionais macabros se chama Hidra e não é Hidra mitológica).

Essa é minha dica de terror psicológico.

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